quinta-feira, 31 de maio de 2012

O Primeiro Amor, Sophie McKenzie [Opinião]





Título Original: Falling Fast
Autoria: Sophie McKenzie
Editora: Civilização Editora
Nº. Páginas: 239
Tradução: Jorge Almeida e Pinho


Sinopse:

Quando River faz um casting para uma representação escolar de Romeu e Julieta, apaixona-se por Flynn, o rapaz que ficou com o papel de Romeu.
River acredita no amor romântico e está ansiosa por experimentá-lo. Mas Flynn vem de uma família desestruturada – será ele capaz de dar a River o que ela quer?



Opinião:

Quem nunca se deixou levar pela voracidade do primeiro amor, que se acuse.
Este pode ser – e, com certeza, será – um momento extremamente complexo na vida de uma jovem mulher que sonha, a toda a hora e em todo o instante, com o rapaz perfeito que lhe arrebatará o mundo com sensações novas e palavras comuns. Alguém inteligente, doce e conhecedor. Alguém que não só a fará despertar para todo um completo e inovador universo de sentimentos, como também a embalará com conversas refinadas, gestos delicados e promessas eternas. Mas a vida não é um livro e nem sempre tem um final feliz ou se tece por caminhos regulares, e River está prestes a experienciar, em primeira mão, o quão intenso e difícil uma primeira paixão pode ser.

O Primeiro Amor trata-se de um romance belo e resplandecente que, mesmo abordando e estando direccionado para um público mais jovem, consegue ainda assim envolver qualquer tipo de leitor, motivando-o a permanecer presente na trama, em sintonia com as personagens e os seus lugares-comuns. Embora construído de pequenos pormenores, este é um livro leve que se centra nas consequências comportamentais, sociais e pessoais que a fogosidade de um primeiro amor tão aguardado e ansiado pode provocar em alguém.
Sophie McKenzie é, claramente, uma autora que escreve com a alma e que, sem dúvida alguma, se deixa levar pelo romantismo que rodeia um dos sentimentos mais provocadores, importantes e essenciais na vida de uma pessoa. Simples, directa e poética, McKenzie percorre os trilhos de um estilo não só agradável como também, e isso é certo, inspirador.

Numa fantasia perpetuada por uma das mais românticas e sensíveis histórias de todo o sempre, River encontra não só uma identidade – a sua, para si tão avassaladoramente Julieta – como um escape imaginário para um futuro e um desejo que guarda para si. Combatendo outras duas frentes, esta é uma personagem que cativará logo desde o início, transmitindo não só uma inocência muito pouco usual dos dezasseis anos, como uma intensidade que em nada se mostrará contida.
Face ocasiões passadas pouco ou nada favoráveis, rupturas familiares e emocionais inesquecíveis e um presente tão revoltante, protector e feito de inconstâncias, Flynn deixa passar uma imagem de si bem mais violenta e ebulidora do que a que, por baixo de todas as camadas de ódio e insegurança, verdadeiramente floresce. Uma personagem que, embora instintivamente agressiva e sentimentalmente veemente, acaba por se transformar na mais bela das criaturas quando é o amor a cor que escurece os seus olhos repletos de paixão.

Numa vertente mais secundária, pode ser encontrada uma Emmi estoicamente forte e inflexível, sensualmente poderosa e mutável. E mesmo com uma capa tão espessa e maleável, nem mesmo esta interveniente estará a salvo de um pouco de sofrimento e medo. Em contraste, temos uma Grace delicada e pontuada pela subtileza, encanto natural e inocência. Ainda que embrenhada num relacionamento que parece manter-se firme há uma eternidade, esta personagem terá obstáculos a ultrapassar, experiências a viver e, acima de tudo, uma amizade pura a partilhar.

Em termos de enredo, gostei muito da forma como McKenzie edificou a sua narrativa sem nunca colocar em questão ou em impedimento o desenvolvimento e crescimento pessoal das personagens. Fazendo uso de poucos e modestos cenários, centrando-se assim na peça de teatro e no desenrolar afectivo dos intervenientes presentes na obra, esta foi, para mim, uma opção – versão – muito apreciada de uma visão modernizada de uma das mais belas peças alguma vez escritas – Romeu e Julieta. Fica a duplicidade entre a tragédia de um amor perfeito e tecido pelo destino e a realidade que percorre os relacionamentos, principalmente os primeiros, dos adolescentes de hoje em dia.

Um romance que fala sobre a loucura da paixão, a sofreguidão do desejo, o poder da dúvida e do medo mas, e em destaque, a alucinante aventura que é descobrir – e sentir – a partilha do mais sensitivo e avassalador dos sentimentos – o amor. Mas e se esta componente romântica está muito patente na trama, também os receios parentais – e sejam eles sobre os filhos ou sobre o futuro que espreita ao fundo do túnel – se encontram em evidência permitindo assim a que esta obra seja apreciada tanto por um público mais jovem que, com facilidade, se conseguirá ligar às personagens e situações por estas vividas, como igualmente a leitores mais velhos e mais exigentes que procuram um pouco mais de experiência e vivacidade em todo e qualquer livro em que se debrucem.

Em suma, O Primeiro Amor foi uma surpresa muito, muito positiva que veio preencher uma altura em que o fruto mais apetecido se cinge a uma leitura leve e descontraída. Superando as expectativas, este é um romance decididamente quente e terno, doce e compassivo que, com certeza, irá fazer sorrir e gargalhar muitos dos seus leitores. Uma boa aposta da Civilização Editora, num género ligeiramente mais soft mas, nem por isso, menos intenso.


Excerto:
«[...] Será que sabes a porcaria do que estás a dizer? Nunca podes ter a certeza de ninguém. Nunca. Tens de ter confiança... fé... O amor é isso. É um filho da mãe de um salto no escuro.», pág. 234

Novidade ASA - "A Menina na Falésia", Lucinda Riley


Há paixões que nos correm no sangue.
Como uma herança.
Como um talismã.

Título: A Menina na Falésia
Autoria: Lucinda Riley
N.º Páginas: 528

Lançamento: Já disponível
PVP.: 16,50€

Sinopse: Grania Ryan tem em Nova Iorque a vida com que sempre sonhou. Tudo é perfeito até ao dia em que o seu desejo mais íntimo é brutalmente estilhaçado. Arrasada, Grania decide voltar à Irlanda e aos braços da sua adorada família. E é aqui, à beira de uma falésia, que conhece Aurora Lisle, a menina que vai mudar profundamente a sua vida.
A ligação entre ambas é imediata e profunda. Pouco a pouco, Grania descobre que as histórias das suas duas famílias estão estranha e intrinsecamente ligadas…
De um agridoce romance na Londres do tempo da grande guerra a uma relação tempestuosa na Nova Iorque contemporânea; da devoção a uma criança terna e carente a memórias esquecidas de um irmão perdido, o passado e o presente das famílias Ryan e Lisle estão unidos há um século. Cem longos anos de equívocos e segredos, paixões e ódios… Apenas a intuição e a coragem de Aurora poderão quebrar o feitiço e vencer as barreiras que o passado ergueu.
Assombrosa, terna e comovente, a história de Aurora é uma inspiração para todos nós. Um exemplo de como a esperança e o amor podem ultrapassar todas as perdas.

Sobre a autora:
Lucinda Riley nasceu na Irlanda. Enquanto atriz, trabalhou no cinema, teatro e televisão britânicos. A sua obra está já publicada em 16 países. Atualmente, divide o seu tempo entre o Reino Unido e França.

Novidade 1001 Mundos - "Caídos", Thomas E. Sniegoski


Uma história angélica... diferente. 

Título: Caídos
Autoria: Thomas E. Sniegoski
N.º Páginas: 416

Lançamento: Já disponível
PVP.: 16,90€

Sinopse: Na véspera do seu décimo oitavo aniversário, Aaron Corbet é assombrado por um pesadelo. Aaron encontra-se num cenário negro, caótico e violento, envergando uma armadura, no centro de um conflito sangrento.
Consegue ouvir o som das armas a chocarem, os gritos dos que são atingidos e os gemidos dos moribundos, e um outro som que não consegue identificar. Mas, quando olha para cima, percebe, ao ver centenas de guerreiros em armadura a descer do céu em direção ao campo de batalha. É o som de bater de asas. O bater de asas dos anjos.
Órfão desde o nascimento, Aaron descobre, para sua surpresa, que tem poderes sobrenaturais, mas só quando é abordado por dois desconhecidos é que começa a compreender o seu papel como ligação entre anjos e humanos e se vê envolvido numa luta eterna entre o bem e o mal.

Sobre o autor:
Thomas E. Sniegoski é autor de mais de duas dezenas de romances para adultos, jovens e crianças. Os seus livros para jovens incluem Legacy, Sleeper Code, Sleeper Agenda e Force Majeure, assim como a série The Brimstone Network. Como escritor de banda desenhada, Sniegoski foi autor de livros como Stupid, Stupid Rat-Tails, uma prequela ao bestseller internacional Bone. Sniegoski colaborou com o criador de Bone, Jeff Smith, no projeto, sendo ele o único escritor a quem Smith convidara para trabalhar neste tipo de personagens. Sniegoski nasceu e cresceu em Massachusetts, onde ainda vive com LeeAnne, a sua mulher, e Mulder, o seu labrador retriver.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Novidade Porto Editora - "A Mulher-Casa", Tânia Ganho



No dia 3 de Maio chegou às livrarias A Mulher-Casa, o mais recente romance de Tânia Ganho, que tem como pano de fundo a cidade de Paris e como protagonista uma mulher que procura combater a solidão a que a sua casa e família a condenaram.
Oferecendo um olhar único sobre a romântica capital francesa, a autora dá-nos também a perspectiva de uma mulher que abdica da sua própria vida em prol do marido e do filho, o que a reduzirá à solidão e a levará a colocar em causa os seus valores.

Título: A Mulher-Casa
Autoria: Tânia Ganho
N.º Páginas: 376

Lançamento: Já disponível
PVP.: 16,60€

Sinopse: Ela é uma modista de chapéus pouco conhecida; ele, um ghostwriter de políticos menores e personalidades duvidosas. Quando trocam a pacata Aix-en-Provence pela imponente Paris, levam consigo toda uma bagagem de sonhos e promessas de glamour. Porém, o crescence sucesso profissional do marido depressa reduz Mara ao papel de mãe e dona de casa, arrastando-a para um abismo de solidão e desencanto.
É então que se envolve com Matthéo, um jovem chef mais novo do que ela, e de súbito se vê enredada numa espiral de sentimentos contraditórios onde a lealdade, a luxúria e o dever encerram as agonizantes perguntas: poderá uma adúltera ser uma boa mãe? Poderá ela esperar que este amor proibido a salve de si mesma e da sua falta de fé?

Sobre a autora:
Tânia Ganho nasceu em Coimbra, onde estudou e deu aulas de tradução como assistante convidada da Universidade. Depois de ter feito legendagem de filmes durante vários anos e de ter passado pela redação da SIC como tradutora de informação, decidiu dedicar-se exclusivamente à literatura. É tradutora de autores como David Lodge, Ali Smith, Rachel Cusk, Chimamanda Ngozi Adichie, Annie Proulx, Abha Dawesar, Jeanette Winterson e Anais Nin, entre muitos outros. Tem já publicados os romances A Vida Sem Ti, Cuba Libre e A Lucidez do Amor, este último na Porto Editora. 

Imprensa:
Sobre A Lucidez do Amor
‹‹Tânia Ganho conta uma história de maneira competente, bem arquitectada e com ritmo.››
José Riço Direitinho, Ler

‹‹Romance de fragmentos de vidas, da espera do amor através da sua construção, num misto de tranquilidade e permanente preocupação. A Lucidez do Amor é o terceiro romance desta autora, que tem vindo a surpreender de forma muito positiva os seus leitores.››
Fernanda Pinto, Os Meus Livros

Da mesma autora:


terça-feira, 29 de maio de 2012

Passatempo "Sempre Que Dizemos Adeus", Anna McPartlin


Em colaboração com a Quinta Essência, o Pedacinho Literário tem o prazer de dar início a mais um fabuloso passatempo, desta vez com oferta de um exemplar do romântico livro Sempre Que Dizemos Adeus, de Anna McPartlin.


Para participar e habilitar-se a ganhar este livro, basta que responda correctamente a todas as questões que se encontram no formulário em baixo e que preencha todos os campos obrigatório. Mas atenção, não se esqueça das regras do passatempo!

As respostas podem ser encontradas aqui e/ou aqui. 

Regras do Passatempo:
1) O Passatempo decorrerá até às 23h59 do dia 4 de Junho (segunda-feira).
2) Só é válida uma participação por pessoa e/ou e-mail.
3) Participações com respostas incorrectas e/ou dados incompletos serão automaticamente anuladas.
4) O vencedor será sorteado aleatoriamente pela administração do blogue, será posteriormente contactado por e-mail e o resultado será anunciado no blogue.
5) Só são aceites participações de residentes em Portugal Continental e Ilhas.
6) A administração do blogue não se responsabiliza pelo possível extravio, no correio, de exemplares enviados.


Boa sorte!

Novidade Quinta Essência - "Sempre Que Dizemos Adeus", Anna McPartlin


Quanto maior é a mentira, 
maior é a dor.

Título: Sempre Que Dizemos Adeus
Autoria: Anna McPartlin
N.º Páginas: 396

Lançamento: Já disponível
PVP.: 15,50€

Sinopse: Já teve a sensação de não pertencer à sua família, que é completamente diferente daqueles que a rodeiam?
É isso que a decoradora de interiores Harri Ryan, de trinta anos, sente desde criança, apesar de ser muito chegada a George, o seu irmão gémeo, e aos carinhosos pais, Gloria e Duncan. É a segunda vez que Harri tenta casar com o seu noivo James, e a segunda vez que tem um ataque de pânico, acaba no hospital com o vestido de casamento e a festa tem de ser cancelada.
Harri perdeu o amor da sua vida, mas há mais na situação do que o nervosismo de uma noiva - e desta vez ela quer a verdade. George suspeita que há algo que os pais não lhes estão a dizer. Porém, numa semana tudo será revelado e as suas vidas irão mudar para sempre.

Sobre a autora:
Anna McPartlin nasceu em Dublin, em 1972. Estarás Sempre Comigo, o seu primeiro livro publicado na Quinta Essência, é inspirado na própria experiência de perda da autora e na capacidade de sobrevivência necessária para superar os desgostos da vida. Em 2007, foi vencedor do prémio Revelação do Ano nos Irish Book Awards.
Anna McPartlin viveu parte da infância em Dublin, até se mudar para Kerry, na adolescência, onde foi criada pelos tios. Após concluir o ensino secundário, entrou para a faculdade onde estudou Marketing, mas manteve o seu amor pela stand-up comedy e pela escrita. Enquanto trabalhava nas artes conheceu o marido, Donal. Actualmente vivem em Dublin.

Imprensa:
‹‹... equilibra a luz e a escuridão nos seus personagens...››
Sunday Tribune

‹‹Uma história comovente de amizade, coragem e amor... não conseguimos largá-la.››
Closer

‹‹Uma montanha-russa emocional, espirituosa e inteligente... põe-nos a soluçar e a rir.››
Stellar

Da mesma autora:


Novidade Civilização - "O Primeiro Amor", Sophie McKenzie



Os caminhos do verdadeiro amor sempre foram tortuosos...

Título: O Primeiro Amor
Autoria: Sophie McKenzie
N.º Páginas: 240

Lançamento: Já disponível
PVP.: 10,99€

Sinopse: Quando River faz um casting para uma representação de Romeu e Julieta, apaixona-se por Flynn, o rapaz que ficou com o papel de Romeu. River acredita no amor romântico e está ansiosa por experimentá-lo. Mas Flynn vem de uma família despedaçada - será ele capaz de dar a River o que ela quer? 

Sobre a autora:
Sophie McKenzie nasceu e cresceu em Londres, onde continua a viver com o filho adolescente. Trabalhou como jornalista e editora de uma revista, mas apaixonou-se pela escrita depois de ter sido despedida e de se matricular num curso de escrita criativa, e agora escreve romances de suspense e sobre as relações dos jovens. A sequela de Girl, Missing, o livro Sister, Missing, foi publicado no outono de 2011. Blood Ties (2008) foi mais uma obra que recebeu diversos prémios e que permitiu a Sophie ser escolhida novamente para a lista de candidatos à Carnegie Medal, tendo conquistado o North East Teen Book Award e o Red House Book Award, entre muitos outros. A sua sequela, Blood Ransom, foi publicado em 2012. O Primeiro Amor é o primeiro título da nova série Flynn

Imprensa:
‹‹A escrita de Sophie levou-me de volta aos meus 17 anos. Fiquei apaixonada desde a primeira página. Complexo, romântico e comovente.››
Chicklish

‹‹Um romance arrebatador... uma leitura intensa, recomendada.››
The Book Bag

Novidade ASA - "O Amante", Marguerite Duras

Uma obra autobiográfica, em que é revelada a descoberta do amor e do sexo por uma adolescente, filha de uma família de colonos que vivem numa situação de falência na Indochina francesa, nos anos 30. 

Título: O Amante
Autoria: Marguerite Duras
N.º Páginas: 128

Lançamento: Já disponível
PVP.: 14,00€

Sinopse: Saigão, anos 30. Uma bela jovem francesa conhece o elegante filho de um negociante chinês. Deste encontro nasce uma paixão. Ela tem quinze anos e é pobre. Ele tem vinte e sete e é rico. Os amantes, isolados num mundo privado de erotismo e autodescoberta, desafiam as convenções da sociedade.
Enquanto ela desperta para a possibilidade de traçar o seu próprio caminho no mundo, para o seu amante não há fuga possível. A separação é inevitável e tragicamente cadenciada pelos últimos acordes da presença colonial francesa a Oriente.
A jovem é a própria autora e este é o relato exacerbado de uma paixão inquieta e dilacerante. De tão etérea, a sua realidade gravar-lhe-ia no rosto marcas implacáveis de maturidade. Para o mundo, fica uma obra que contém toda a vida.
Obra intemporal, relato de um mundo perdido, O Amante foi vencedora do prestigiado Prémio Goncourt, em 1984, e confirmou o génio literário de Marguerite Duras, nome cimeiro da literatura mundial.

Sobre a autora:
Marguerite Duras (1941-1996) é um dos expoentes máximos da literatura europeia do século XX. Nascida na Indochina Francesa (atual Vietname), onde passou a infância e a adolescência, a autora fica profundamente marcada pela paisagem e pela vida da antiga colónia francesa, frequentemente referidas na sua obra. Foi também realizadora e dramaturga. Em 1984, venceu o prestigiado Prémio Goncourt com O Amante, romance traduzido para quarenta e três línguas e adaptado ao cinema em 1992.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O Caçador de Sonhos, Sherrilyn Kenyon [Opinião]



Título Original: The Dream-Hunter
Autoria: Sherrilyn Kenyon
Editora: Chá das Cinco
Nº. Páginas: 266
Tradução: Eduardo Fernandes


Sinopse:

Megeara Kafieri testemunhou a ruína do pai na sua demanda para provar a existência de Atlântida. A promessa da filha, no leito da morte do pai, de resgatar a reputação dele, trouxe-a até à Grécia, onde a jovem tenciona provar que a mítica ilha está no local identificado pelo pai. Em vez disso, Megeara encontra um estranho a flutuar no mar – um estranho cujo rosto reconhece de muitos dos seus sonhos. O que Megeara desconhece é que Arikos esconde mais segredos do que aqueles de que ela precisa para encontrar a Atlântida. Arikos fez um pacto com Hades: em troca de duas semanas como mortal, ele terá de regressar ao Olimpo com uma alma mortal... a de Megeara.


Opinião:

O incomparável formigueiro do suave florear de pele contra pele, a insubstituível sensação de um beijo roubado, de um toque intencional, de uma comoção sentida ou do simples e imprescindível amor, fruto de uma paixão avassaladora e de uma sede incontestável por conhecimento. Todos eles, sentimentos comuns e, ao mesmo tempo, únicos. Todos eles, negados a um ser imortal que se viu enredado nas complexas e políticas teias de uma série de divindades egoístas e soberanas.

O Caçador de Sonhos é, para mim, a história que vem revitalizar uma série predatória que, a cada volume lançado no mercado, tem vindo a arrebatar um público de si já apaixonado por um bom romance sensual do fantástico. Inebriante, sensitivo e indiscutivelmente encantador, este é um enredo que cativará à primeira página e que, no final, se transformará em muito mais do que uma narrativa, proporcionando ao seu leitor o mais idílico e emocionante dos sonhos.
Sherrilyn Kenyon volta a mostrar a facilidade com que conjuga romance e acção, comédia e mistério, sem nunca libertar o seu observador externo do mundo sobrenatural que envolve os seus intervenientes principais. Com uma escrita fácil e compassiva, esta é uma autora cuja mera união de palavras em frases e pensamentos narrativos é capaz de cativar o leitor ao ponto de este se sentir impossibilitado em largar a trama.

Umas mais destemidas, outras mais destrutivas, este é um conjunto de personagens que já faz parte do conhecimento e dia-a-dia de todo e qualquer leitor que se preze e que adore esta fantástica série. Talvez por isso, O Caçador de Sonhos seja, a um nível puramente pessoal, um romance muito mais ameno e divertido em comparação com os que lhe antecedem, transcendendo a um patamar insignemente superior e destacando-se não só pela sua jovialidade inerente como, e também, pelas vidas que retrata.

Atormentada por uma promessa irrealista proferida no leito do pai, Megeara Kafieri sofre pela boa reputação e credibilidade que quer restaurar ao nome familiar e pela inconsistência e entraves de uma luta e uma busca que se apresenta, a cada passo dado, cada vez mais difícil de desvelar. Uma personagem composta, bem alinhavada e de emoções fortes – embora exteriormente reprimidas –, Geary mostrar-se-á uma mulher tanto calorosa quanto imbatível.
Ansioso por sentir, por provar e por conhecer e, ao mesmo tempo, receoso pelo medo e insegurança que tolhe a pessoa que o levou a arriscar a própria vida, Arikos é um interveniente devorador de sonhos e sensações, ambição e desejo, que não parará a meios para atingir o seu fim. Sejam confrontos paranormais ou esforços mortais, nada o impedirá de transpor para a realidade todas as confidências e afectos partilhados, outrora, em pensamentos adormecidos.

Por entre os vários rostos que tecem a riqueza etérea transcrita nestas páginas, muitos são os que, mesmo numa escala secundária da narrativa, ainda assim conseguem agraciar o enredo com o seu fervor, bom humor e capacidades sobrenaturais. Se Katra foi uma personalidade irreverente e, na sua própria medida, imprescindível para a amizade e estabilidade que Geary necessita na sua vida, Apollymi foi uma influência estrondosa no comportamento tensivo de todas as mulheres a bordo e Solin o detentor de grande parte das gargalhadas soltadas ao acaso, em muito devido às picardias e fascínio mútuo partilhado com Arikos.

Três são igualmente os cenários que se destacam pela extravagância da paisagem e pela incessante demanda atlante que as personagens têm em mãos. Santorini, o Olimpo e os segredos que se escondem nas profundezas cristalinas do mar Egeu são as apaixonantes atmosferas oferecidas por Kenyon que, uma vez mais, cumpre a visão tecida originalmente com descrições tão detalhadas e profundas que, em diversos instantes, julguei sentir o calor do sol na pele e o cheiro da brisa marítima no ar.

A provocadora carga humorística é outro dos componentes fortes e apreciáveis deste enredo. Desde a naturalidade dos diálogos à narração de pensamentos e sentimentos pessoais, O Caçador de Sonhos é um livro que abrange um vasto leque de pormenores que agradará, com relativa facilidade, qualquer tipo de leitor. Mas também a força da verdade, da justiça e da paixão são valores que se perpetuam por entre estas linhas. E afinal de contas, é sempre bom presenciar o triunfo do amor, contra todas as adversidades. Assim como todos os caminhos, questões e problemas que surgem pelo meio.

A par com uma povoação extensa de divindades excêntricas e perigosas descobertas atlantes, obscurecidas por segredos puníveis e mentiras incontornáveis, este é um romance que vem dar um novo fôlego e impacto a uma série que promete ter ainda muito a oferecer. É por isso que os Predadores da Noite e Sherrilyn Kenyon continuaram e continuarão – por muito tempo – a fazer parte do meu leque obrigatório de sagas/autores a ler.
Mais uma incrível aposta por parte da Chá das Cinco, uma chancela Saída de Emergência que se estima e orgulha pelas fortes personagens e escritoras, no feminino, que publica. Muito bom. 

Novidade Saída de Emergência - "A Rainha Suprema", Marion Zimmer Bradley

O clássico As Brumas de Avalon regressa ao mercado português para dar a conhecer a uma nova geração esta história mágica e intemporal centrada nas mulheres que, por detrás do trono de Camelot, foram as verdadeiras detentoras do poder.

Título: As Brumas de Avalon - A Rainha Suprema, Vol. 2
Autoria: Marion Zimmer Bradley
N.º Páginas: 288

Lançamento: Já disponível
PVP.: 16,90€

Sinopse: A misteriosa Morgaine é meia-irmã de Artur e grã-sacerdotisa da brumosa Avalon, terra encantada onde o verdadeiro conhecimento é preservado para os vindouros. Para Morgaine existe um objecto fundamental: afastar a Bretanha da nova religião que vê a mulher como portadora do pecado original. A bela rainha Gwenhwyfar jurou fidelidade ao rei Artur, o Rei Supremo, mas não consegue esquecer a paixão que sente por Lancelot, exímio cavaleiro e melhor amigo de Artur. Quando o seu dever de conceber um herdeiro para o trono falha, Gwenhwyfar convence-se de que é vítima de um castigo divino e entrega-se de corpo e alma à religião de Cristo. As hostilidades aumentam inevitavelmente entre ambas as mulheres que detém o poder em Avalon e Camelot. Conseguirá Artur conciliar dois mundos antagonistas sob os estandartes reais e resistir aos Saxões? Se Morgaine tudo fará para conseguir a sua herança matriarcal e desafiar a nova religião que cresce, já Gwenhwyfar não hesitará em persuadir Artur a trair os seus juramentos...

Sobre a autora:
Marion Zimmer Bradley nasceu em Nova Iorque, em 1930. Começou desde cedo a escrever para revistas e antalogias, mas foi na década de 60 que iniciou uma carreira de sucesso como romancista. A sua série mais popular iniciou-se com a publicação de As Brumas de Avalon, uma recriação da lenda arturiana que ainda hoje tem conquistado gerações. É também conhecida pela série de ficção científica Darkover, entre muitos outros romances memoráveis. Faleceu em 1999. 

Volume anterior:

Novidade Saída de Emergência - "Luz e Sombras", Anne Bishop

‹‹Não há nada que se assemelhe. Tornou-se uma autora incontornável.››
Chicago Tribune

Título: Luz e Sombras
Autoria: Anne Bishop
N.º Páginas: 368

Lançamento: Já disponível
PVP.: 19,95€

Sinopse: Desde o massacre das bruxas, os Fae, que deviam proteger as suas primas há muito esquecidas, ignoraram as necessidades do resto do mundo. Agora as sombras voltam a alastrar-se sobre as aldeias do oriente. Sombras negras e poderosas que ameaçam todas as feiticeiras, todas as mulheres e os próprios Fae. Apenas três pessoas podem fazer frente à loucura colectiva que se está a disseminar e impedir que mais sangue seja derramado: o Bardo, a Musa e a Ceifeira. Aiden, o Bardo, sabe que o mundo está dependente da protecção dos Fae, mas estes recusam-se a escutar os seus avisos sobre o mal que se esconde nas florestas. Vê-se obrigado a partir com o amor da sua vida, Lyrra, a Musa, numa aventura arriscada em busca do único Fae capaz de fazer o seu povo despertar da indiferença. Se os Fae não agirem depressa, ninguém sobreviverá...

Sobre a autora:
Muito cedo começou a escrever, mas sentindo que lhe faltava as faculdades necessárias para escrever histórias longas, deixou de o fazer por um longo período. 
Então cresceu e foi ganhar a vida o que lhe fez bem e foi necessário, até que vários anos depois uma pequena história surgiu-lhe. 
Era uma pequena história que parecia um pouco desestruturada, mas a autora foi moldando o melhor que pôde até que tivesse qualidade suficiente para ver a luz do dia, e mostrou-a a todos os seus amigos.
 Pouco tempo depois, uma outra história surgiu e muitas outras pequenas histórias foram-se acumulando. 
Durante os anos em que foi moldando essas pequenas histórias começou a ler livros e revistas sobre escrita (e, mais tarde sobre a organização e a gestão do tempo). Á medida que trabalhava e lia foi-se tornando mais hábil e pôde moldar histórias maiores.
 Até que chegou um dia em que algo emergiu do conjunto de todas essas histórias e quando apercebeu-se tinha com ela um romance. 
Então a dada altura acabou por partilhar o seu espaço habitacional, entre outras coisas, com uma quantidade incomensurável de documentos e um grande número de personagens.
 Anne Bishop vive no norte do estado Nova Iorque onde gosta de passar o tempo a jardinar, ouvir música, e a escrever negros romances. É autora de onze romances, incluindo a premiada Trilogia das Jóias Negras.

Imprensa:
‹‹Tremendamente sensual... Ricamente detalhado, o cenário de Bishop é baseado num mundo onde se revertem todos os clichés do género fantástico. Simplesmente genial.››
Library Journal

Volume anterior:

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Novidade Pergaminho - "Spirit Junkie", Gabrielle Bernstein

‹‹A felicidade é um emprego a tempo inteiro - e é o emprego mais importante que alguma vez vai ter.››
Gabrielle Bernstein

Título: Spirit Junkie - Como Criar Milagres na Sua Vida
Autoria: Gabrielle Bernstein
N.º Páginas: 200

Lançamento: Já disponível
PVP.: 15,50€

Sinopse: Como é que uma miúda de Nova Iorque, que aos 20 e poucos anos tinha a sua própria empresa de Relações Públicas e passava a vida a correr de festa em festa, se transforma na mulher a que o New York Times chamou ‹‹o guru da próxima geração››?
Em Spirit Junkie, Gabrielle Bernstein partilha a história de como transformou a sua vida. A partir da sua própria jornada espiritual, explica como se pode ultrapassar os medos, transformar as percepções e criar uma vida autêntica e iluminada. 
Depois de anos a lidar com uma fraca autoestima, com problemas de imagem e de autoconfiança (e de os tentar resolver com festas, da droga e do alcóol), Gabrielle começou a consumir a substância mais viciante de todas: a espiritualidade. Após a descoberta de Um Curso em Milagres, começou aos poucos, a trocar a autocrítica pela compaixão, a dúvida pela confiança, o cinismo pela alegria, e faz da felicidade o seu estilo de vida. 
Spirit Junkie é um livro de auto-transformação inspirador e muito original, que ensina a destruir padrões negativos de pensamento para criar mudanças significativas na sua vida. 

Sobre a autora:
Gabrielle Bernstein é conferencista, life coach e autora. É co-fundadora da Women's Entrepreneurial Network, uma organização sem fins lucrativos de networking para mulheres empreendedoras. Como conferencista, trabalhou com instituições como a Google e a TEDx, e colabora com media de destaque como o Huffington Post, a Opensky e a Beliefnet. 

Imprensa:
‹‹Com uma mistura de humor, dor e sentido prático, Gabrielle ajuda os leitores a encontrarem a sua própria ligação espiritual.››
Kirkus Reviews

‹‹Esqueça tudo o que pensava que sabia acerca da "autoajuda". Gabrielle Bernstein é um verdadeiro modelo de autoestima. Quer tenha uma relação cheia de drama, uma carreira estagnada ou se sinta simplesmente à deriva, a abordagem de Gabby vai ajudá-lo a "sair dessa" e a encontrar a sua felicidade.››
Glamour

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Novidade Casa das Letras - "Percy Jackson e a Batalha do Labirinto", Rick Riordan

Uma profecia, 
Uma maldição, 
Uma batalha e... um herói único!

Título: Percy Jackson e a Batlha do Labirinto
Autoria: Rick Riordan
N.º Páginas: 376

Lançamento: Já disponível
PVP.: 16,90€

Sinopse: Percy está prestes a começar o ano letivo numa escola nova. Ele já não esperava que essa experiência fosse muito agradável, mas quando teve de enfrentar um esquadrão de líderes de claque tão esfomeadas quanto demoníacas, imediatamente se apercebeu que tudo podia ficar muito pior.
 Nesse quarto volume da série Percy Jackson, o tempo está a esgotar-se e a batalha entre os Deuses do Olimpo e Cronos, o Senhor dos Titãs, está cada vez mais próxima. Mesmo o acampamento dos meio-sangues, o porto seguro dos heróis, torna-se vulnerável à medida que os exércitos de Cronos se preparam para atacar as suas fronteiras, até então impenetráveis.
 Para detê-los, Percy e seus amigos semideuses partirão numa jornada pelo Labirinto — um interminável universo subterrâneo que, a cada curva, revela as mais temíveis surpresas.

Sobre o autor:
Rick Riordan nasceu em 1964, em San Antonio, Texas, Estados Unidos, onde mora com a mulher e dois filhos. Para além da colecção «Percy Jackson», publicou uma colecção de mistério para adultos, «Tres Nevarre», que também obteve vários prémios, «The Kane Chronicles» e iniciou recentemente uma nova série de fantasia chamada «The Heroes of Olympus».
Os livros da colecção Percy Jackson já venderam milhões de exemplares, estando há mais de 3 anos no top do New Tork Times. O filme, realizado por Chris Columbus, que já realizou dois filmes da série Harry Potter, estreou em Portugal, em Fevereiro de 2010, foi protagonizado por Pierce Brosnan e Uma Thurman.

Editorial Presença - "The Casual Vacancy", J. K. Rowling


J. K. Rowling está a preparar uma surpresa aos seus fãs adultos... 
Quem está curioso?

sábado, 19 de maio de 2012

Divergente, Veronica Roth [Opinião]



Título Original: Divergent
Autoria: Veronica Roth
Editora: Porto Editora
Nº. Páginas: 350
Tradução: Pedro Garcia Rosado


Sinopse:

Na Chicago distópica de Beatrice Prior, a sociedade está dividida em cinco facções, cada uma delas destinada a cultivar uma virtude específica: Cândidos (a sinceridade), Abnegados (o altruísmo), Intrépidos (a coragem), Cordiais (a amizade) e Eruditos (a inteligência). Numa cerimónia anual, todos os jovens de 16 anos devem decidir a facção a que irão pertencer para o resto das suas vidas. Para Beatrice, a escolha é entre ficar com a sua família... e ser quem realmente é. A sua decisão irá surpreender todos, inclusive a própria jovem.
Durante o competitivo processo de iniciação que se segue, Beatrice decide mudar o nome para Tris e procura descobrir quem são os seus verdadeiros amigos, ao mesmo tempo que se apaixona por um rapaz misterioso, que umas vezes a fascina e outras a enfurece. No entanto, Tris também tem um segredo e que nunca contou a ninguém porque poderia colocar a sua vida em perigo. Quando descobre um conflito que ameaça devastar a aparentemente perfeita sociedade em que vive, percebe que o seu segredo pode ser a chave para salvar aqueles que ama... ou acabar por destruí-la.


Opinião:

«Acreditamos nos gestos simples de coragem, na coragem que leva uma pessoa a defender outra.»
Uma decisão e tudo pode mudar.
Uma hesitação no tempo ou dúvida no momento pode, facilmente, ser o factor que alterará, por completo, o rumo de uma vida. Uma vida inocente, abnegada, dedicada e altamente valorizada pela comunidade em que se insere e que, junto dela, ainda terá muito a oferecer. Mas quando é um segredo, um desconforto e uma profunda necessidade de descoberta e mudança o que rege o intelecto de uma jovem que se vê a par com inúmeras escolhas, talvez a decisão mais correcta não seja, propriamente, aquela que trará segurança e familiaridade no futuro. Talvez, e só talvez, essa decisão seja uma autêntica sentença mortal...

Divergente trata-se de uma narrativa inovadora no seu género e extremamente emotiva que, de forma espontânea e despretensiosa, mostra uma outra face de uma Chicago comum. Um lado mais negro, mais obscuro e controlado, onde tudo é monitorizado e onde cada facção serve o seu propósito independentemente do certo e do errado, é o ambiente que Veronica Roth promete aos seus leitores, desafiando-os com provas elevadamente ameaçadoras e instintivos juízos finais.
A autora, que se estreia com esta fabulosa obra, não poderia ter abordado – nem tão-pouco alcançado tamanha excelência – o tema presente de outro modo. E acredito que foi esse aspecto mais cru da essência humana, e que leva muitos dos seus discípulos a cometerem actos impensáveis, o que torna este livro um bálsamo e uma vertiginosa aventura para estes dias quentes em que, sempre fresca e sempre inventiva, esta narrativa percorre um caminho muito especial de encontro ao coração do leitor que, pulsante e imparável, não consegue deixar de folhear página atrás de página a uma velocidade estonteante.

Se é um facto que muitos livros são feitos das suas personagens, este não é excepção. E embora Divergente possua um conceito distintamente desenvolvido e um potencial gigantesco, verdade é que, uma vez mais, as personagens destacam-se como sendo o elemento de maior evidência, encanto e impulsividade à leitura.
Beatrice Prior é, forçosamente, das protagonistas, dentro da camada YA, que mais alento me deu ler. A força, integridade e audácia que demonstra, muito pouco próprias da sua tenra idade, são uma excelente fonte de ar fresco, numa obra que se valoriza por não rivalizar as demais com um intenso triângulo amoroso ou um amor proibido.
As dificuldades por que passa, os perigos que enfrenta e o modo como encara o seu futuro mas, principalmente, o presente incerto são arrasadores ao ponto de o próprio leitor não se conseguir deslindar da sua história, do seu crescimento e progresso pessoais.

Quatro, por sua vez, é o companheiro perfeito para uma personagem feminina que se revela implacável. Ora de uma simpatia deslumbrante, ora de um desconcerto total, este é um interveniente atrevido e sagaz que, ao longo da trama, se vai descobrindo ser uma verdadeira – e deliciosa! – surpresa. Os valores e ideais que defende e acredita, tendo em conta o seu passado e o modo como encara o futuro da sua própria facção, são de uma beleza extrema e, em conjunto com uma personalidade caricata e até algo assustadora, esta é uma personagem que agradará com facilidade e que, por diversas vezes, deixará o leitor em suspenso.

Também o leque mais secundário de participantes se mostra, particularmente, interessante e vistoso. Personagens como Christina, Eric e Peter não passam, de todo, despercebidas e sejam quais foram os motivos que as regem, os anseios que as movem, os enigmas que tentam desvendar ou as ordens que fazem por seguir, a verdade é que, juntos – e até mesmo em separado – é simplesmente impossível deixar de parte a importância e consequente ligação que estas vozes tão dispares e impressionantes, na sua singularidade, transmitem e tecem com o leitor.

A realidade que estas ainda quase jovens crianças encaram diariamente é, por si só, uma mais valia num enredo que, de tão espectacular, se transforma num dependência impossível de largar. A naturalidade com que Roth descreve tanto o refúgio de cada uma das facções, assim como as interacções entre elas e entre si, e as várias componentes que perfazem desta sociedade uma atmosfera imperdoável e complicadíssima de gerir, é fenomenal. Mas a mensagem que fica, ao fim de tantas páginas percorridas, é que, independentemente das raízes e da educação prestada, se existisse a possibilidade de voltar a unir o que de bom há em cada uma das facções, numa comunidade só, assim se reestruturaria o ideal de perfeição. E é em muito devido a esta falha que justificam ser o catalisador da união actual que, nem mesmo os mais altruístas, se encontram totalmente desprovidos de falhas e defeitos comunicativos.

Quanto à escrita de Roth, esta apresenta-se altamente viciante. E é talvez devido ao seu tom jovem, simples e bastante pessoal – na visão de uma personagem impressionante –, não se deixando levar unicamente pelas características fantasiadas e bastante arriscadas que criativamente edificou, que o leitor se sentirá familiarizado e mais facilmente conectado com as personagens que, sem dúvida, possuem uma maturidade e engenho incríveis.
Tem ainda de ser referido ou, penso eu, recalcado o pequeno e triunfante detalhe de o romance em si se desenrolar de forma gradual e expressiva, adquirindo, desse modo, contornos de uma intensidade e beleza inebriantes. E visto não existir, de todo, um triângulo – ou quadrado – amoroso que interfira com a acção propriamente dita da narrativa, fica exposta toda a imaginação e rescaldos emocionantes dos caminhos que Roth proporciona às suas personagens.

A um nível mais pessoal, Divergente foi uma obra que me deu um imenso prazer ler. Senti-me automaticamente transportada para este novo mundo distópico, ao fim das primeiras páginas, experienciando, na própria pele, cada receio e cada surpreendente etapa de tão magnifica e alucinante viagem em que Tris embarca. E a par com esta protagonista de incomparável calibre, que tanto consegue emocionar como repelir – visto encontrar-se em constante variação, o que a torna imprevisível e, por vezes, assustadora –, e com um enredo que impressiona pela sua grandeza e mutabilidade, este é um livro que, certamente, fará parte das minhas melhores leituras deste ano.

Com uma recta final absolutamente divinal, recheada de energia e suspense, e uma capa que em tudo indica a chama que absorve e percorre as veias destes intrépidos, por tudo isto e muito mais, Divergente é uma excelente aposta por parte da Porto Editora, que congratulo pela oportunidade que proporciona aos leitores de fantasia e ficção científica que, em português, continuamente procuram algo diferente para ler. Adorei. 

«Em qualquer sítio dentro de mim habita uma pessoa misericordiosa e capaz de perdoa. Uma rapariga que tenta compreender o que acontece às outras pessoas e que aceita que os outros fazem coisas que não deviam fazer e que o desespero as empurra para locais mais sombrios onde nunca pensaram encontrar-se. Juro que essa rapariga existe e que sofre pelo rapaz arrependido que vê à sua frente.
Mas se eu a visse não a reconhececra.», pág. 215
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